quinta-feira, 14 de junho de 2012

Breve Histórico da Psicologia Escolar no Brasil e Políticas Públicas





Em 1879, a psicologia adquiriu seu status científico com a inauguração do Laboratório de Psicologia em Leipzig, na Alemanha, por Wilhelm Wundt. Médico, fisiologista, que interessava-se por desenvolver estudos sobre os processos elementares da consciência. “Seu estudo dar oportunidade ao estudo do comportamento humano sob a ótica das ciências físicas e biológicas, desconsiderando os estados subjetivos na compreensão do homem e suas relações” Yazlle (1990).

Em 1869, antecedendo Wundt, Francis Galton publica sua obra “Hereditary Genius”, baseado na obra “A origem das Espécies” de Darwin. Seguindo assim, com a realização de vários trabalhos em Londres os quais tinha como objetivo medir a capacidade intelectual e provar determinação hereditária das aptidões humanas, para que fosse possível selecionar os mais capazes, aprimorando a espécie humana.

Em 1905 na França, por Binet surge a primeira escala métrica de inteligência, a qual classificava as crianças em normais e anormais, fazendo assim uma separação e seleção do que seria ensinado a cada grupo. Esse método repercutiu pelas escolas Européias e da América do Norte.

Em 1906, no Rio de Janeiro, Manoel Bonfim, fundou o laboratório de Pedagogia Experimental. No Brasil, a primeira função desempenhada pelos psicólogos junto aos sistemas de ensinos, foi a de medir habilidades e classificar crianças quanto à capacidade de aprender e progredir pelos vários graus escolares.

Os médicos foram os primeiros a produzir conhecimentos psicológicos no Brasil e com isso trouxe para este país a psicanálise, um estudo de Freud o qual traz a visão da relação familiar como determinante para o desenvolvimento da personalidade.
Surge então, nas faculdades do Rio de Janeiro e Bahia, uma introdução do modelo clínico escolar, cujo objetivo era psicodiagnosticar  e tratar crianças com problemas de aprendizagem.

Na década de 70, chega ao Brasil às idéias produzidas nos Estados Unidos, com a teoria da Carência Cultural, relatando a discrepância de aptidões das crianças carentes para as crianças de classe média. Sendo assim, as crianças carentes teriam que ter recursos de aprendizagem diferenciados. Nesse momento a psicologia tenta considerar os aspectos sociais dos problemas de aprendizagem. O psicólogo passa a ter uma função técnica, como a antiga clínica, por seu caráter individualizante. Não considerando todo o cenário educativo escolar.
 
È a partir da década de 80, que inicia-se um movimento de análise crítica da atuação do psicólogo escolar, o qual percebe-se que o problema de aprendizagem abrange aspectos sociais, históricos, econômicos, políticos e sociais. Segundo Souza (2000) o momento é de discussões e a construção-desconstrução da teoria e prática em psicologia escolar será constante e dialética.

 Surgem discussões referente à temática das políticas públicas em Educação na Psicologia Escolar/ Educacional, questionando quanto ao papel desse profissional nesse âmbito, o qual os métodos que vinham empregando eram centrados na criança a causa dos problemas escolares e a forma restrita como a Psicologia interpretava os fenômenos educacionais, abordando de quê e de quem estaria a Psicologia Escolar e a prática psicológica a ela vinculada.

Na década de 1980 essa discussão se fortalece, em torno de um momento político nacional, no qual intensificam-se os movimentos sociais pela redemocratização do Estado brasileiro. Obtendo com esse movimento a descentralização do poder para os municípios e Estados como autônomos para planejar, implementar e gerir suas políticas.

Segundo SOUZA (2010), a escola se materializa em condições histórico-culturais, ou seja, ela é constituída e se constitui diariamente a partir de uma complexa rede em que se imbricam condições sociais, interesses individuais e de grupos, atravessada pelos interesses do Estado, dos gestores, do bairro. Compreendendo-a como produtora e produto das relações histórico-sociais.

É nesse âmbito constituído espaço de construção, que se procura entender a escola, sua cotidianidade, analisando as relações e os processos que nela se estabelecem, buscando explicitar, juntamente com os participantes da pesquisa, esses processos por meio do estabelecimento de vínculos de confiança e de esclarecimento.

Quanto ao lugar ocupado pelo psicólogo escolar, Ragonesi (1997) nos diz que “o melhor lugar para o psicólogo é o lugar possível, seja dentro ou fora de uma instituição”. O mais importante é que ele se insira na educação, assumindo um compromisso teórico e prático com as questões da escola, que é o seu foco de atenção.

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